O rádio surge como resultado da evolução de diversas tecnologias. Em 1887, Heinrich Hertz comprova a existência de ondas eletromagnéticas, uma descoberta crucial para a comunicação moderna. Anos depois, Henry Harrison Chase Dunwoody patenteia o detector de cristal, que aprimora a recepção de sinais de rádio.
Entre os pioneiros da radiocomunicação estão Guglielmo Marconi, que em 1896 patenteia o primeiro “transmissor de sinais sem fio”, e o brasileiro Roberto Landell de Moura, que em 1900 realiza a transmissão de sinais de voz em São Paulo, mas enfrenta o descaso com suas inovações.
Na década de 1920, a Westinghouse inaugura a era das transmissões regulares, expandindo rapidamente o número de emissoras. Durante a Segunda Guerra Mundial, o rádio se torna uma ferramenta poderosa de propaganda e mobilização de massas, como demonstrado tanto pelo regime nazista de Hitler quanto pelo imperador japonês, que usou o rádio para anunciar a rendição do Japão em 1945.
Acima, Guglielmo Marconi, físico e inventor italiano. À direita, Roberto Landell de Moura, padre católico, cientista e inventor brasileiro. (Foto: Reprodução/Agência Brasil – Acervo do biógrafo Hamilton Almeida)
Guglielmo Marconi foi um inventor e engenheiro italiano, pioneiro no desenvolvimento da telegrafia sem fio, e é amplamente considerado o “pai do rádio”. Em 1895, ele realizou suas primeiras transmissões de rádio com sucesso, e em 1901, conseguiu transmitir o primeiro sinal de rádio através do Oceano Atlântico, uma façanha marcante para a época.
Sua invenção revolucionou a comunicação global, abrindo caminho para o desenvolvimento das telecomunicações e da radiodifusão. Marconi fundou a companhia Marconi Wireless Telegraph, que ajudou a expandir o uso da rádio em navios, indústrias e serviços públicos.
Em 1909, Marconi recebeu o Prêmio Nobel de Física, juntamente com Karl Ferdinand Braun, pelas suas contribuições à comunicação sem fio. Suas inovações foram essenciais para o progresso da radiocomunicação e continuam a ter impacto na tecnologia moderna.
Roberto Landell de Moura foi um padre, inventor e cientista brasileiro, pioneiro nas telecomunicações e considerado um dos primeiros a realizar transmissões de rádio por voz. Nascido em Porto Alegre em 1861, Landell de Moura desenvolveu pesquisas sobre a transmissão de ondas eletromagnéticas e realizou experimentos bem-sucedidos com a transmissão de sons sem fio entre 1892 e 1894, antes mesmo de Guglielmo Marconi.
Em 1901, Landell conseguiu patentes no Brasil para suas invenções, incluindo o transmissor de ondas, precursor do rádio, e em 1904 obteve uma patente nos Estados Unidos para um “telégrafo sem fio”. Suas invenções eram muito avançadas para a época, e ele enfrentou resistência e falta de reconhecimento em seu país. Mesmo assim, Landell de Moura foi um dos precursores da radiodifusão e da transmissão de voz via ondas de rádio, sendo hoje considerado uma figura essencial na história das telecomunicações.
Com o passar dos anos, a tecnologia foi se transformando. Peças e equipamentos evoluíram, enquanto novos testes surgiam. Na década de 1920, um marco importante foi estabelecido pela estação da Westinghouse, uma empresa de tecnologia dos EUA, que iniciou o broadcast regular. Esse momento deu início à chamada “Era do Rádio”, à medida que emissoras e ouvintes se multiplicavam rapidamente. Com o tempo, o rádio se tornaria um dos principais meios de comunicação de massa.
Durante a Segunda Guerra Mundial (entre 1939 e 1945), o rádio desempenhou um papel crucial na mobilização e propaganda. Adolf Hitler proibiu rádios estrangeiros, concentrando-se na transmissão de conteúdo nacionalista, enquanto, no Japão, o imperador usou a rádio em 1945 para anunciar a rendição do país. O impacto dessa mobilização em massa, facilitada pela propaganda radiofônica, chamou a atenção de estudiosos, governos e investidores, consolidando o rádio como uma ferramenta poderosa de comunicação e influência.
Em 7 de setembro de 1922, o Brasil testemunhou sua primeira transmissão oficial de rádio, um marco que abriria as portas para um novo meio de comunicação de massa. Durante a Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, dois transmissores instalados no Corcovado transmitiram o discurso do presidente Epitácio Pessoa. A transmissão ao vivo foi um sucesso, chegando aos alto-falantes espalhados pela cidade e despertando o interesse de entusiastas que logo começariam a moldar as futuras emissoras do país.
Um ano após essa primeira experiência, em 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira emissora oficial, entrava no ar sob o comando do médico Edgard Roquette-Pinto e do físico Henrique Morize. Esse momento histórico foi o início de uma expansão que levaria o rádio às principais capitais e, logo depois, ao interior do Brasil. A primeira emissora a ser inaugurada no interior foi a PRA-7, Rádio Clube de Ribeirão Preto, seguida pela PRB-5, Rádio Clube Hertz, de Franca, em 1925.
A década de 1930 trouxe consigo a “Era de Ouro” do rádio, consolidando-o como um veículo de comunicação popular e de entretenimento. Foi nessa época que surgiram figuras como os irmãos Fontoura, que fundaram a Rádio Cultura em São Paulo, inicialmente como uma brincadeira, mas que rapidamente se tornou uma plataforma para divulgar a vida cultural paulista. Em paralelo, o rádio também teve um papel crucial em eventos históricos, como a Revolução de 1932, onde foi utilizado tanto pelas tropas quanto pelo governo de Getúlio Vargas, que criou a Hora do Brasil, hoje conhecida como Voz do Brasil.
A influência de Vargas no rádio foi profunda, especialmente com a estatização da Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 1940, que se tornou a voz oficial do governo. A partir daí, o rádio foi utilizado para fins educacionais, culturais e propagandísticos, especialmente com a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que controlava os conteúdos transmitidos.
A trajetória do rádio brasileiro continuou a se desenvolver ao longo das décadas, passando por inovações tecnológicas e desafios políticos. Em 1962, o Código Brasileiro de Telecomunicações foi promulgado, estabelecendo as bases legais para a radiodifusão no país. Na década de 1970, o governo militar implementou o Projeto Minerva, utilizando o rádio para promover a educação a distância e disseminar a ideologia do regime.
Nas décadas seguintes, o rádio passou por várias transformações, como a criação de emissoras universitárias e educativas, e a entrada de novas tecnologias, como o rádio digital. Em 2003, a Rádio Gaúcha de Porto Alegre foi pioneira na realização de transmissões experimentais de rádio digital no padrão IBOC, enquanto a Rádio Nacional de Brasília testava o sistema Digital Radio Mondiale (DRM), utilizado na Europa.
A história do rádio em Bauru se mistura com o contexto nacional, refletindo o desenvolvimento da radiodifusão brasileira. A PRG-8, Bauru Rádio Clube, inaugurada em 1937, marcou o início da radiodifusão na cidade. Seu planejamento começou em 1934, quando João Simonetti e um grupo de amigos decidiram criar a emissora, aproveitando a proximidade de Simonetti com Getúlio Vargas, então pré-candidato à presidência. A concessão de rádio para Simonetti foi uma demonstração da forte aliança política entre ele e Vargas, que culminou na visita do presidente à casa de Simonetti em Bauru, o que exemplificou o elo entre política e rádio na cidade.
Em 1934, Bauru passava por transformações significativas, como a conclusão do projeto da nova estação ferroviária e a criação do primeiro ginásio estadual, o Instituto de Educação Ernesto Monte. No mesmo período, o clima político era tenso, exemplificado pelo assassinato de Nicola Rosica, um militante integralista, que gerou controvérsias e envolveu o sindicato dos ferroviários, um grupo politicamente ativo na época.
A Bauru Rádio Clube foi inicialmente instalada na casa de Simonetti e começou suas transmissões experimentais antes de sua legalização oficial, em 26 de abril de 1935, quando recebeu o prefixo PRG-8. A história da rádio em Bauru, assim como em outras partes do Brasil, revela a íntima ligação entre a radiodifusão e os acontecimentos políticos e sociais da época.
A história do rádio em Bauru começou em 1937 com a fundação da PRG-8, a famosa Bauru Rádio Clube. Idealizada em 1934 por João Simonetti, avô do entrevistado João Simonetti Neto, e um grupo de amigos, a emissora teve uma forte conexão com a política da época. Simonetti, que era próximo de Getúlio Vargas, conseguiu a concessão para abrir a rádio graças a essa amizade. A visita de Vargas à casa de Simonetti, em Bauru, reforça o elo entre política e rádio na cidade.
A Bauru Rádio Clube foi pioneira no rádio do interior do estado de São Paulo, sendo a segunda a ser estabelecida no interior paulista. Sob a liderança de João Simonetti, a rádio alcançou grande notoriedade, sendo ouvida em diversas localidades, inclusive no Japão, através da transmissão de programas como a “Hora Nipônica”. A emissora utilizava a onda tropical, que proporcionava uma qualidade de som superior, e se destacou por transmitir eventos importantes, como a inauguração de Brasília.
Naquela época, Bauru estava passando por grandes mudanças. A cidade viu a conclusão da nova estação ferroviária, além da criação do primeiro ginásio do estado, o Instituto de Educação Ernesto Monte. Em meio a essas transformações, também foi quando surgiu o famoso sanduíche Bauru, criado por Casimiro Pinto Neto, conhecido pelo apelido que deu nome ao lanche.
A Bauru Rádio Clube começou suas atividades na casa de Simonetti, localizada na Rua Agenor Meira, no centro de Bauru. Ainda em caráter experimental, a emissora só foi legalizada em 1935. Apesar do entusiasmo da população, manter a rádio funcionando não era fácil. Os custos eram altos, e Simonetti precisou da ajuda de amigos e empresários para seguir com o projeto.
Um ponto marcante foi a doação de Alcides Moreira Leite, que ofereceu um terreno no Jardim Bela Vista para a construção da nova sede da rádio, inaugurada em 1940. A nova sede não era só um prédio de rádio; era um verdadeiro complexo, com área verde, pomar, viveiros de pássaros e até um poço artesiano disponível para a comunidade. Simonetti gostava tanto de natureza que deixou os portões sempre abertos para quem quisesse passear pelo local.
Durante os anos, a rádio foi evoluindo. Em 1949, Simonetti conquistou a concessão para a primeira emissora FM de Bauru, mesmo quando ainda não havia receptores de rádio para essa frequência. Mais tarde, seu filho, Leônidas Simonetti, fundou a 94 FM, a primeira emissora FM oficial da cidade.
O neto do pioneiro da radiodifusão de Bauru, Netão, concedeu uma entrevista ao site História do Rádio de Bauru e conta um pouco mais sobre a G-8, AuriVerde além da 94Fm
Sintonizar AgoraNos anos 50 e 60, a PRG-8 continuou a fazer história. Foi uma das primeiras emissoras a transmitir em estéreo no Brasil, algo inédito na época, e também inovou com a campanha “Show Estereofônico”, que incentivava os ouvintes a usarem dois rádios para ouvir em estéreo. Além disso, a emissora transmitia sua programação tanto em ondas médias, que cobriam a região de Bauru, quanto em ondas tropicais, que podiam ser ouvidas em outras partes do Brasil e até no exterior.
A Bauru Rádio Clube também ficou conhecida por seu envolvimento com eventos esportivos e culturais. O novo campo do E.C. Noroeste foi inaugurado em 1934, e a rádio esteve presente, assim como em várias edições dos Jogos Abertos do Interior e campeonatos de futebol de salão. Grandes nomes, como Pelé, jogaram no campo ao lado da rádio.
Apesar de todo o sucesso, a Bauru Rádio Clube passou por momentos difíceis. Nos anos 60, João Simonetti se afastou da administração, deixando a gestão para seus filhos. A emissora enfrentava dificuldades financeiras e, mais tarde, foi adquirida pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, em 1979. Hoje, a PRG-8 faz parte do patrimônio cultural da cidade e sua história segue viva na memória de Bauru.
O legado da Bauru Rádio Clube vai além do rádio. Ela ajudou a conectar a cidade, promoveu eventos, lançou talentos e se tornou um marco na história de Bauru. A emissora, que começou de forma modesta, evoluiu junto com a cidade e com o rádio brasileiro.
Atualmente, a PRG-8, a Bauru Rádio Clube, dá espaço à Nativa FM, que continua a tradição de informar e entreter a comunidade. A emissora se adapta às novas demandas do público, mantendo a essência que a tornou um ícone no cenário radiofônico de Bauru.
Fotos: Acervo pessoal, Paulo Sérgio Simonetti (Livro Joanin)
A Rádio AuriVerde de Bauru tem uma história que remonta à década de 1950. Ela surgiu dentro da expansão da Rede Piratininga, liderada pela Família Leuzzi, que já era influente no rádio brasileiro. A Rede Piratininga, que começou com a Rádio Piratininga em São Paulo, foi expandida com a criação de várias outras emissoras, inclusive a AuriVerde.
A fundação da AuriVerde ocorreu em 1955, com estudos técnicos para instalação de transmissores de 250 watts no Jardim Araruna, em Bauru. Os estúdios e o auditório foram montados na Rua 1º de Agosto, próximos ao Cine Bauru. No dia 7 de setembro de 1956, a Rádio AuriVerde iniciou suas operações oficialmente na frequência 760 AM, tornando-se a segunda emissora da cidade, reforçando a relevância de Bauru no cenário da radiodifusão.
O evento de inauguração foi prestigiado por figuras importantes, como o prefeito Avallone Jr., o presidente da Câmara Elzeário Barbosa e os irmãos Santino e Miguel Leuzzi, fundadores da rede. A comemoração incluiu até mesmo corridas de cavalo organizadas pelo Jóquei Clube Terra Branca, transmitidas ao vivo, uma inovação para a época.
Após a inauguração, a rádio passou por algumas mudanças na gerência, com Fuad Mimessi atuando como gerente provisório e Pedro de Azevedo assumindo a direção comercial. Nomes importantes da radiodifusão passaram pela AuriVerde, como Ivo de Barros Maynard e Pedro Walter Ramos, que lideraram a parte artística. Tobias Ferreira também teve papel relevante na estruturação inicial da emissora, contribuindo para o crescimento e profissionalização do rádio em Bauru.
Em novembro de 1956, a rede Piratininga reforçou a equipe da AuriVerde com a chegada de Nelson Machado e Marino Frabetti, vindos de outras emissoras da rede. A equipe técnica e artística da rádio logo se destacou, incluindo Sonia Maria de Freitas e Benedita Góis da Silva, que contribuíram para os textos publicitários, e o acadêmico Faukecefres Savi, responsável pela organização da discoteca.
A rádio AuriVerde, parte do grupo familiar Simonetti, foi uma das rádios mais ouvidas em Bauru, especialmente durante a transmissão do programa policial, que era conduzido pelo próprio João Simonetti Neto. Esse programa, transmitido na faixa do meio-dia, foi extremamente popular, chegando a atingir 93% de audiência na cidade. João Simonetti Neto ressaltou que a emissora enfrentou grandes desafios durante a pandemia, especialmente com a queda de receita publicitária, mas manteve seu compromisso com a qualidade das transmissões e o investimento em novos equipamentos, como transmissores de última geração.
O neto do pioneiro da radiodifusão de Bauru, Netão, concedeu uma entrevista ao site História do Rádio de Bauru e conta um pouco mais sobre a G-8, AuriVerde além da 94Fm
Sintonizar AgoraCom o tempo, a AuriVerde foi consolidando sua posição como uma das principais rádios de Bauru. No entanto, a década de 1980 marcou a perda de seu segundo proprietário, o publicitário Afonso Vianna, que faleceu em 1987. Em anos mais recentes, a rádio enfrentou desafios financeiros e, em 2014, solicitou a migração de AM para FM, visando modernizar-se e buscar a recuperação econômica.
A migração ocorreu em 1º de junho de 2018, quando a AuriVerde passou a operar na frequência de 97,5 MHz, agora afiliada à rede Jovem Pan News. No entanto, em outubro de 2023, a afiliação foi encerrada pela Jovem Pan, alegando que a emissora não seguiu as diretrizes editoriais da rede e violou termos da plataforma YouTube. Atualmente, a AuriVerde continua com programação local, focada em notícias, política e esportes, mantendo sua relevância no cenário radiofônico de Bauru.
Acima, logotipo da extinta Jovem Pan News Bauru. À direita, antiga sede da Rádio AuriVerde
A Rádio Terra Branca obteve sua concessão oficial em 13 de junho de 1958, e foi fundada por João Simonetti, seus filhos Leônidas e Rafael, além do radialista e político Horácio Alves Cunha, tornando-se a terceira emissora de rádio em operação em Bauru.
Inicialmente, sua sede estava localizada na Vila Falcão, em um terreno doado pelo comendador Daniel Pacífico, na Rua Wenceslau Brás, próximo ao campo do E.C. Noroeste. Lá, foram construídas as salas para abrigar os equipamentos de transmissão. Posteriormente, a emissora se mudou para o centro de Bauru e depois para a Avenida Duque de Caxias.
A rádio entrou no ar em caráter experimental no dia 22 de maio de 1958, com uma programação que misturava música e, nos intervalos comerciais, anúncios do prefixo ZYR-216. Sua inauguração oficial ocorreu em 13 de junho do mesmo ano, às 6h30 da manhã, em uma cerimônia que contou com a presença de autoridades e figuras influentes da cidade, como o prefeito Avallone Jr., o juiz Octávio Stuch, o promotor Aluísio Arruda, e o presidente da Câmara Municipal Irineu Bastos, além de vereadores como Leônidas Simonetti e Carlos Rodrigues Sampaio. A cerimônia foi conduzida pelo locutor Alonso Compoy Padilha.
Após algum tempo, a família Simonetti transferiu suas ações para Horácio Cunha, que liderou a rádio até seu falecimento no final da década de 1960. Após sua morte, sua esposa, Lina, e seu filho, Horacinho, assumiram a direção, formando uma sociedade com José Nélson Rodrigues, da Rádio Dirceu de Marília. Posteriormente, José Nélson adquiriu todas as ações e dirigiu a emissora até sua morte nos anos 1990. Sua filha, Marília, assumiu o controle da rádio, mas, sem conseguir manter uma programação própria, acabou arrendando a emissora para grupos religiosos.
Devido a problemas técnicos e jurídicos, a Rádio Terra Branca encerrou suas atividades no início dos anos 2000, com a desativação de sua frequência AM de 1.440 kHz.
A história da Rádio Líder FM em Bauru começou como uma transição da antiga Rádio Metropolitana, uma emissora que operava com destaque na capital paulista, voltada para o público jovem e contemporâneo. A Líder FM inicialmente operava na frequência 101.1 MHz, mas depois migrou para 103.7 MHz, onde permaneceu até ser arrendada para uma rede religiosa. Seu início foi marcado pela busca por uma programação que se aproximasse mais do público do interior, algo que a Metropolitana, focada nas tendências da capital, não havia conseguido.
A Rádio Metropolitana, uma das pioneiras na transmissão via satélite, destacava-se na capital paulista ao transmitir novidades que faziam sucesso nas boates, baladas e na televisão. Contudo, ao expandir para o interior de São Paulo, especialmente em Bauru, enfrentou desafios. A diferença de timing entre as tendências da capital e as do interior, chamada de “delay” na programação, fez com que a Metropolitana não atingisse o mesmo nível de relevância local, já que o público não se conectava com a mesma intensidade. Ainda assim, a Metropolitana seguiu com sucesso em São Paulo, mas sua proposta não se encaixou bem no interior.
Na década de 1990, em um contexto de pós-ditadura (1985) e com a ascensão do rock e uma crescente demanda por liberdade de expressão, a programação das rádios passou por uma transformação. Era um período de desejo por liberdade, com excesso de criatividade e ousadia, algo que hoje seria difícil de replicar. Aproveitando essa nova fase, a Líder FM foi lançada com a missão de popularizar o rádio no interior, adotando um formato que trouxesse mais proximidade com o ouvinte. A pesquisa de mercado realizada antes de sua estreia indicou que o formato popular seria a aposta certa para conquistar o público da região, já que este buscava algo mais conectado com suas realidades locais, ao contrário da proposta da Metropolitana.
Cristiane Nogueira, que viria a se tornar a gerente da emissora, foi uma peça-chave nessa transformação. Ela assumiu a gestão da Líder FM após a saída do gerente da Metropolitana, sendo a primeira mulher a ocupar um cargo de direção em uma emissora de rádio em Bauru. Sua liderança foi fundamental para a criação de uma identidade única para a rádio, marcada pela proximidade com os ouvintes e pela valorização da música popular brasileira.
A ideia era que a Líder fosse uma rádio popular, com foco em sertanejo, pagode e jornalismo ao vivo, mantendo alguns toques de rock que faziam sucesso na época. O nome “Líder” foi escolhido com o objetivo de transmitir a ideia de ser pioneira e de destaque no mercado. Com isso, a emissora se estabeleceu rapidamente como uma referência, trazendo uma programação diversificada que fazia companhia para os ouvintes e valorizava a música e a cultura populares.
Durante a sua implantação, a Líder FM enfrentou desafios no mercado comercial. Inicialmente, a emissora tinha poucos anunciantes, já que sua proposta era vista como uma aposta arriscada. As inserções comerciais se limitavam a grandes redes, como Via Varejo e Lojas Americanas, mas aos poucos foram conquistando anunciantes locais. A estratégia de lançamento da rádio incluiu meses de chamadas na programação da antiga Metropolitana, anunciando a chegada de artistas sertanejos e grupos de pagode, além de criar expectativas com mensagens gravadas por esses artistas, o que ajudou a aproximar a rádio de seu público-alvo.
Com a estreia da Líder, houve uma grande mobilização de estrutura e equipe para garantir que a rádio operasse 24 horas por dia, algo que era inovador para o interior de São Paulo naquela época. A emissora contava com dois estúdios localizados no centro de Bauru, um destinado à gravação de comerciais e outro para transmissões ao vivo. A operação incluía uma vasta coleção de CDs e equipamentos de censura, além de uma equipe composta por operadores, locutores e técnicos dedicados.
Com o sucesso da rádio e o aumento da audiência, a programação da Líder começou a atrair grandes artistas sertanejos e grupos de pagode, o que ajudou a consolidar sua liderança no mercado. A rádio também investiu em promoções e sorteios, como ingressos para shows e visitas a camarins de artistas, o que foi um diferencial que gerou engajamento e fidelidade por parte dos ouvintes. Essas estratégias de marketing e interação com o público acabaram se tornando comuns em rádios populares posteriores, como a Nativa FM e a Band FM.
A trajetória da Líder FM marcou profundamente o rádio em Bauru, sendo um divisor de águas para o mercado local. Até 1999, a emissora manteve sua liderança, mas no início dos anos 2000, foi arrendada por uma grande rede de rádio religiosa, que enxergou na frequência 103.7 MHz uma oportunidade para expandir sua programação. O fim da Líder FM não teve uma despedida oficial, mas sua frequência permanece no ar com uma nova programação religiosa, enquanto o legado da rádio popular, que aproximou o interior paulista de uma nova forma de fazer rádio, continua vivo na memória de muitos ouvintes.
Cristiane Nogueira, gerente da Líder FM, entrevistando artistas. (Foto: Acervo Pessoal Cristiane Nogueira)
Em Bauru, as rádios comunitárias desempenham um papel fundamental no fortalecimento das relações entre os bairros e na promoção de temas que muitas vezes não encontram espaço nas grandes emissoras. Essas rádios são movidas pelo princípio da participação popular e do compromisso com a cidadania, destacando a importância da comunicação comunitária no desenvolvimento social e cultural da cidade.
Entre as principais rádios comunitárias de Bauru, destaca-se a Canal Mais FM 87.9, que vem oferecendo à população uma programação variada, focada em temas culturais, música sertaneja — com ênfase no sertanejo raiz —, e discussões sobre questões locais. A rádio, conhecida pelo slogan “Uma rádio, muitas vozes”, busca dar espaço para artistas locais e promover debates que interessam diretamente à comunidade. Além disso, a Canal Mais FM conta com uma presença digital, permitindo que sua programação seja acessada online por meio de seu site e redes sociais
Outra emissora comunitária que se destaca é a 87 FM Bauru, também operando na frequência 87.9 FM. A rádio é reconhecida por sua programação voltada à educação, cultura e cidadania, oferecendo um espaço democrático para a população se expressar e discutir questões que afetam o dia a dia da cidade
Essas rádios têm a missão de oferecer uma comunicação mais próxima e acessível, engajando diretamente a população local. Sem fins lucrativos e com limitações de potência e alcance, elas se sustentam através do apoio da comunidade e pequenos comerciantes, promovendo uma programação que se adapta às demandas locais e oferecendo oportunidades para a participação direta dos ouvintes.
Apesar dos desafios, como restrições legais à captação de recursos e as dificuldades de manutenção, as rádios comunitárias de Bauru continuam a desempenhar um papel essencial no fortalecimento da identidade e da cultura local. Elas oferecem um contraponto às grandes emissoras comerciais, tornando-se espaços de resistência e participação, onde a voz do povo tem lugar garantido. Em uma cidade com a diversidade e a riqueza de Bauru, essas rádios refletem a essência do compromisso com a comunicação comunitária e o impacto positivo que ela pode gerar.
Assim, a Canal Mais FM e a 87 FM Bauru são exemplos de como as rádios comunitárias continuam a ser uma ferramenta poderosa na construção de um diálogo mais próximo, democrático e inclusivo com a população de Bauru, fortalecendo laços e promovendo a cidadania através das ondas do rádio.
A Rádio 710 AM de Bauru, uma das estações tradicionais da cidade, está em processo de transição para a frequência FM. A mudança faz parte de uma tendência nacional promovida pelo Ministério das Comunicações, que visa melhorar a qualidade de som e ampliar o alcance das emissoras que operam na faixa AM. Com a migração, a emissora passará a ser conhecida como Show FM 102.7, seguindo o modelo de outras cidades do interior paulista, como Marília e Lins, que já adotaram o nome e formato da Show FM.
A nova fase da estação trará uma programação focada em música popular e entretenimento, com o objetivo de conquistar tanto o público mais jovem quanto os ouvintes tradicionais. A migração para a faixa FM possibilitará à Show FM um som mais nítido e uma cobertura mais abrangente, tornando-a mais competitiva no cenário local de Bauru. Além disso, a nova frequência permitirá que a emissora alcance áreas onde o sinal AM era mais limitado, reforçando a presença da rádio na região.
A transição da Rádio 710 AM faz parte de um esforço maior para modernizar o setor de radiodifusão no Brasil, mantendo a relevância das emissoras locais em um mercado cada vez mais dominado por novas mídias digitais. Para os ouvintes de Bauru, a mudança promete uma experiência aprimorada, com uma oferta musical diversificada e conteúdos de entretenimento que mantêm a essência local da rádio.
A rádio Veritas FM, fundada em 2001, emergiu no cenário de Bauru como uma emissora de perfil educativo e cultural, alinhada ao compromisso da Universidade do Sagrado Coração (USC), à qual estava vinculada. Criada sob a outorga do Decreto Legislativo nº 112, publicada no Diário Oficial da União em 1º de junho do mesmo ano, a rádio tinha como propósito oferecer uma programação distinta das emissoras comerciais, voltada para a valorização da cultura brasileira e para o incentivo ao pensamento crítico por meio de conteúdos que englobavam música, entrevistas e temas de interesse público. A Veritas FM rapidamente ganhou um espaço especial entre os ouvintes locais e aqueles que acompanhavam sua transmissão pela internet, apresentando-se como uma alternativa única e marcante na paisagem radiofônica de Bauru.
A emissora logo se destacou pela programação que, em contraste com o padrão comercial, promovia a diversidade musical e a profundidade temática. Durante as manhãs, dedicava-se exclusivamente à Música Popular Brasileira (MPB), celebrando as raízes culturais do Brasil e oferecendo uma curadoria cuidadosa de repertório. Em outros períodos do dia, a rádio incluía jazz, blues e música instrumental, ampliando a experiência dos ouvintes e atendendo a um público apreciador de gêneros pouco explorados na programação convencional. O enfoque educativo era evidente também nos programas jornalísticos, onde, sem o aparato necessário para cobrir o factual como uma emissora de notícias, a Veritas estruturou-se com base em entrevistas e análises aprofundadas, como no programa premiado Educação em Pauta. Esse programa não só abordava temas relevantes para o setor educacional como também conquistou reconhecimento pela qualidade do conteúdo e pela sua importância social, ressoando positivamente entre educadores e estudantes da região e até fora de Bauru.
Além da proposta educativa, a Veritas se tornou um espaço de integração universitária, onde estudantes de diversas áreas contribuíam voluntariamente para as atividades da emissora, motivados pelo desejo de participar de uma mídia de impacto social. Este envolvimento era particularmente evidenciado nas grandes festas de fim de ano, onde a equipe da rádio e colaboradores celebravam o trabalho realizado, formando uma comunidade coesa e apaixonada pelo projeto. A emissora, apesar de contar com uma estrutura reduzida e um quadro pequeno de funcionários, sustentou-se pela dedicação de voluntários e pela visão de que o rádio local poderia promover uma comunicação diferenciada, mais próxima do público e com um olhar especial sobre a realidade regional.
Contudo, em dezembro de 2012, a Veritas enfrentou um obstáculo que culminou em seu desligamento. Em atendimento a uma requisição do Ministério Público Federal (MPF), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) expediu um ofício que exigia a suspensão das transmissões da rádio sob a alegação de concessão irregular. A Veritas, assim como a TV Unesp, emissora educativa que também operava em Bauru pelos canais 45 UHF e 32 na Net, foi alvo da sanção que questionava a validade das outorgas para emissoras exclusivamente educativas e culturais. Segundo o MPF, ambas deveriam passar por um processo de novas licitações para se adequarem às exigências regulatórias, o que levou ao desligamento voluntário das emissoras a partir do ofício da Anatel.
A Fundação Veritas, entidade responsável pela rádio, se pronunciou publicamente sobre a questão. Em nota, destacou que todo o processo de concessão da Veritas FM ocorreu de maneira regular e que, ao longo dos anos, a rádio ofereceu um serviço relevante à população, fruto da parceria com a USC. A fundação reafirmou seu compromisso em buscar meios legais para reverter a decisão e retomar a programação, na esperança de que a emissora continuasse a desempenhar seu papel educativo e cultural na comunidade. Esse desligamento gerou uma sensação de perda entre os ouvintes e em muitos profissionais que, direta ou indiretamente, tinham participado de sua construção.
A suspensão das atividades da rádio Veritas refletiu os desafios enfrentados pelas emissoras educativas no Brasil, que precisam equilibrar suas operações com o contexto regulatório, ao mesmo tempo em que buscam alternativas de sustentabilidade sem se desvincular de seus objetivos originais. A emissora, que contribuiu para a pluralidade informativa e cultural de Bauru, deixou uma marca na cidade, evidenciando a importância de se preservar e apoiar as iniciativas de comunicação educativa e comunitária em um ambiente cada vez mais desafiador.
Fundada em 1983 por Alcides Franciscato, Renato Delicato Zaiden e outros bauruenses, a Rádio Cidade, hoje conhecida como 96FM, se destacou desde o início por sua programação diversificada, que inclui pop, rock, notícias e entretenimento. Com uma potência de 10 kW, a emissora atinge 93 cidades do interior paulista, conectando aproximadamente 2 milhões de habitantes. Ao longo de sua trajetória, a 96FM se consolidou como um pilar importante na comunidade, servindo como uma fonte confiável de informação e um espaço para a promoção da cultura local.
Desde a sua fundação, a rádio tem buscado se diferenciar das demais emissoras da região. Além do foco em um repertório musical que abrange diferentes estilos, o jornalismo da 96FM se destaca por sua abordagem abrangente, que inclui não apenas notícias locais, mas também informações de âmbito nacional e mundial. Essa cobertura diversificada atende à demanda crescente do público por conteúdos relevantes e de qualidade, especialmente em um cenário onde as opções de consumo de música e notícias são cada vez mais amplas.
Um aspecto fundamental do sucesso da 96FM é seu compromisso em manter os ouvintes engajados, mesmo em meio a tantas alternativas disponíveis. A emissora se esforça para ouvir o seu público e valoriza o feedback, uma prática que se tornou essencial na produção de conteúdos que ressoem com a audiência. Essa interação constante permite que a rádio não apenas informe, mas também crie uma comunidade em torno de seus programas.
Nos últimos anos, a 96FM passou por uma transformação significativa em sua identidade musical. Até 2022, a emissora era reconhecida como a “Rádio Rock” de Bauru, tendo como foco principal os gêneros pop e rock. No entanto, em busca de se adaptar às novas demandas do público, a rádio decidiu adotar um formato voltado ao público adulto contemporâneo. Essa mudança envolveu ajustes na programação musical e na forma de comunicação, sendo implementada de maneira gradual para assegurar que a audiência se adaptasse e recebesse a nova proposta de forma positiva.
Internamente, essa nova fase também trouxe mudanças na equipe. A 96FM, ao longo de sua história, contou com a colaboração de muitos profissionais talentosos, e com a reestruturação, passou a operar com um número menor de contratados. Essa abordagem, embora represente uma diminuição, foi pensada para manter a qualidade e a eficiência na produção de conteúdo, garantindo que a essência da rádio fosse preservada.
Um dos programas que reflete essa nova abordagem é o “Afinadas”, criado com a intenção de equilibrar música e informação de maneira leve e relevante. Com quadros diferentes a cada dia da semana e conteúdos que variam por temporadas, o programa busca constantemente surpreender a audiência. “Nosso objetivo é entregar o melhor para a audiência, levando um conteúdo de qualidade e diferenciado”, afirma uma das apresentadoras, enfatizando a responsabilidade que sentem em proporcionar uma experiência significativa para os ouvintes. O programa, ao integrar música e temas atuais, permite que a audiência se conecte emocionalmente e encontre ressonância nas discussões apresentadas.
Outra parte significativa da trajetória da 96 FM foi a venda da rádio, que ocorreu em 2020, quando o médico oftalmologista Jorge Estefano Germano se tornou o novo proprietário. Essa transação não apenas trouxe novos desafios, mas também abriu oportunidades para a emissora, possibilitando uma renovação nas práticas e na abordagem de mercado, enquanto preservava sua reputação consolidada e seu compromisso inabalável com a qualidade. A venda fez parte de um processo de reestruturação empresarial do grupo Jornal da Cidade, que anteriormente detinha a rádio. Com essa mudança, Germano também ampliou seu alcance no setor de comunicação, já que ele é proprietário das rádios Criativa e Cultura, em Botucatu.
A 96FM também é reconhecida por seus eventos marcantes, que fazem parte da memória afetiva dos ouvintes. Eventos como o “Pedágio do Amor”, que promove uma celebração do amor no Dia dos Namorados, e o “Garagem Rock”, que comemora o Dia Mundial do Rock, são exemplos de como a rádio se engaja ativamente com a comunidade, criando laços duradouros com seu público.
Com uma história marcada por inovações, desafios e conquistas, a 96FM Bauru se estabelece como uma referência na região. O comprometimento em acompanhar as tendências e tecnologias emergentes garante que a rádio não apenas se mantenha relevante, mas também continue a evoluir. À medida que novos capítulos se desenrolam, a 96FM permanece fiel à sua missão de entreter, informar e proporcionar qualidade em todas as suas produções, reafirmando seu papel como uma voz ativa e respeitada na comunicação.
Acima, Pedágio do Amor, à direita, Garagem Rock (Fotos: facebook 96FM Bauru)
A Rádio Câmara FM 93,9 MHz em Bauru entrou no ar em caráter experimental no dia 05 de março de 2015, retransmitindo inicialmente a programação da Rádio Câmara de Brasília. Com o estúdio localizado no prédio da Câmara Municipal, a emissora foi parte de um projeto inovador que buscava promover transparência e proximidade entre a população e o legislativo, tanto em nível local quanto federal.
O processo de instalação da emissora foi ágil. Em junho de 2014, a Câmara contratou uma empresa para desenvolver o projeto técnico, o qual foi finalizado em julho do mesmo ano e enviado à Câmara dos Deputados. Em dezembro de 2014, a licitação para aquisição dos equipamentos foi concluída, com um investimento de R$ 534 mil. A emissora foi equipada com tecnologia digital de última geração, antecipando a migração do rádio analógico para o digital.
Operando em 93,9 MHz com 4 mil watts de potência, a Rádio Câmara Bauru alcança municípios localizados a até 50 quilômetros de distância. Foi a primeira emissora no interior do país a integrar a Rede Legislativa de Rádio, um projeto que visa expandir a radiodifusão legislativa por todo o Brasil.
Com estúdios modernos e uma tecnologia de radiodifusão 100% digital, a emissora também é pioneira ao utilizar câmeras robôs e compactas para integrar a produção de conteúdo radiofônico e televisivo, fornecendo material para a TV Câmara Bauru. A rádio transmite ao vivo as sessões legislativas, e ainda apresenta programas como “Fala Câmara” e entrevistas ao vivo com vereadores, além de boletins informativos sobre as atividades parlamentares.
O programa “Espaço Aberto” é outro destaque da grade, discutindo demandas do município e questões sociais, populares e culturais. A programação musical abrange diversos gêneros, com ênfase em artistas locais, que ganham espaço em programas como “Área 14”. A emissora ainda se destaca com produções voltadas ao rock, MPB, samba, blues, e flashbacks, além de programas culturais como “Uma Hora de Rock”, “Arquivo Musical”, e “Catálogo”.
A Rádio Câmara Bauru se destaca não apenas pela oferta de uma programação variada e de qualidade, mas também pelo objetivo de estimular o senso crítico na sociedade e promover uma comunicação inclusiva e transparente.
A história da 94FM começa com João Simonetti, um imigrante visionário que chegou ao Brasil no início do século XX. Em 1934, ele fundou a PRG-8, a primeira rádio de Bauru, marcando o início de uma nova era na comunicação local. Seu legado se estendeu ainda mais quando, posteriormente, ele estabeleceu a TV Bauru, Canal 2, que se tornou o primeiro canal de televisão do interior do país. A família Simonetti continuou esse legado de inovação com seu filho Leônidas Simonetti e sua esposa, Maria Odília.
A 94FM foi fundada após a separação da AuriVerde e se consolidou como a primeira rádio FM de Bauru. Em 1949, João Simonetti recebeu a concessão para a primeira emissora FM de Bauru, conhecida pelo prefixo ZYR-34, mesmo antes que existissem receptores disponíveis para essa nova frequência. Esse passo ousado mostrou sua visão à frente de seu tempo. Na sequência, em 05 de maio de 1978, exatamente no Dia das Comunicações, Leônidas Simonetti, Maria Odília e o radialista Tobias Ferreira, conhecido como “Tuba”, fundaram a 94FM, oficialmente chamada de Rádio Comunicação FM Stereo Ltda. A 94FM se destacou como a primeira emissora FM da cidade, trazendo aos ouvintes de Bauru uma programação em som estéreo, um marco na evolução da radiodifusão local.
Sob a gestão da família Simonetti, a 94FM sempre se destacou pelo seu forte compromisso com o jornalismo, considerado o grande diferencial da emissora. A rádio também inovou no formato de vinhetas, trazendo referências americanas e adaptando-as para o público local. Mesmo com a segmentação crescente no mercado, a 94FM se manteve popular por equilibrar música e notícias, oferecendo um conteúdo dinâmico e informativo.
Com o passar dos anos, a 94FM se consolidou como uma emissora inovadora e referência em qualidade de programação. Em 09 de outubro de 2004, o governador Geraldo Alckmin inaugurou o novo prédio da 94FM, que apresenta uma arquitetura moderna e arrojada, localizado próximo ao Bauru Shopping. Este novo espaço inclui estúdios atualizados e amplas dependências, projetadas especialmente para a emissora de rádio, com uma estrutura superdimensionada para abrigar parceiros em comunicação e multimídia. Hoje, a 94FM é gerida pela quarta geração da família Simonetti, garantindo a continuidade do legado iniciado por João Simonetti.
A 94FM foi também pioneira na internet, sendo a primeira rádio da região a disponibilizar sua programação online através de uma homepage, facilitando o acesso à sua grade de programação para ouvintes de diversas localidades. Com uma potência de 10 mil watts e quatro elementos na antena, a emissora alcança um raio de aproximadamente 150 km, consolidando sua presença na comunicação regional.
Acima, Paulo Sérgio Simonetti, à direita, Cobertura da 94FM durante Carnaval em Bauru (Fotos: Facebook 94FM Bauru)
A Nativa FM Bauru tem suas raízes na PRG-8, que foi adquirida pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação em 1979. Ao longo das décadas, a emissora passou por diversas transformações, especialmente nos anos 2000, quando adotou uma programação flexível, focando na música sertaneja raiz e reservando horários para programas religiosos, como o histórico “Boas Novas na Terra de Santa Cruz”. Em 2014, a emissora solicitou a migração de sua frequência AM para FM, buscando atualizar e expandir sua audiência.
Embora tenha sido chamada de Rádio Bandeirantes Bauru em certos períodos, a retransmissão da Rádio Bandeirantes ocorria apenas nas madrugadas e sem anunciantes, limitando-se a propagandas institucionais. Durante esse tempo, os estúdios da emissora estavam localizados na Avenida Nuno de Assis, no Jardim Bela Vista.
A virada para a nova era da Nativa FM começou em 2018, quando testes na nova frequência FM 91,5 foram realizados e a emissora integrou-se à Nativa FM, uma marca conhecida por sua programação vibrante e voltada para o público jovem e adulto. Com a extinção da Bauru Rádio Clube no início de julho, a Nativa FM Bauru estreou oficialmente no dia 16 daquele mês, às 18h, com o programa “Arena Nativa”, marcando o início de uma nova fase para a emissora.
A Nativa FM Bauru está situada no Boulevard Shopping e oferece uma programação que combina conteúdos locais e da rede, alinhando-se ao padrão da emissora líder em São Paulo. A proposta é conectar-se com a comunidade, promovendo eventos e atrações que reflitam a cultura e as preferências dos ouvintes de Bauru.
Em maio de 2022, a Nativa FM 91,5 se destacou ao liderar a pesquisa de audiência da Kantar Ibope, alcançando o primeiro lugar no ranking com um share aproximadamente três vezes maior que o da segunda colocada, que não foi divulgada por não ter assinado a pesquisa. Esse desempenho notável reafirma a relevância da emissora na cena radiofônica local.
No dia 1 de agosto de 2018, em comemoração ao aniversário da cidade, a emissora inaugurou seu novo estúdio no Boulevard Shopping, marcando um novo capítulo em sua trajetória, com a nova torre situada no Jardim Terra Branca. Desde então, a Nativa FM Bauru continua a crescer e se consolidar como uma força importante na comunicação local, sempre em sintonia com os interesses e as necessidades de sua audiência.
Em 2024, a Nativa FM se consolidou novamente como a líder isolada de audiência na cidade, de acordo com os dados mais recentes da Kantar IBOPE Media. A atualização divulgada em junho analisou a audiência em diversas faixas horárias e dias da semana, abrangendo o período de 22 a 29 de abril. Com esses resultados positivos, a Nativa FM lançou uma campanha especial em suas redes sociais para destacar sua posição de liderança.
Contudo, a emissora também enfrentou desafios. Em julho de 2018, ela recebeu ameaças de emissoras clandestinas, que alegaram que o sinal seria cortado caso continuasse veiculando propagandas sobre operações ilegais de rádios piratas. A ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) repudiou essas ameaças em um comunicado e pediu que as autoridades investigassem o caso.
Adicionalmente, a Nativa FM Bauru se destacou pela sua capacidade de se reinventar e adaptar a novas demandas do mercado, promovendo não apenas música de qualidade, mas também conteúdos que abordam a cultura local, saúde e entretenimento. Com uma equipe engajada e antenada nas tendências, a emissora fortalece seu papel como um veículo de comunicação essencial para a comunidade, sempre buscando proporcionar uma experiência única e envolvente para seus ouvintes.
Além disso, as iniciativas de interação com o público, por meio de eventos e promoções, solidificaram ainda mais o vínculo da emissora com os ouvintes, criando uma verdadeira comunidade em torno da Nativa FM. Assim, a Nativa FM Bauru não apenas se destaca na audiência, mas também se torna uma referência em engajamento e responsabilidade social, contribuindo significativamente para a cultura e o entretenimento da região.
A Rádio Unesp FM, que nasceu em 1991 no campus de Bauru, se tornou uma referência na cidade. Localizada perto do Restaurante Universitário e do Anfiteatro Guilhermão, a emissora traz uma mistura de notícias da região centro-oeste paulista e uma programação musical bem diversificada. No ar, rola de tudo: desde clássicos do rock e tropicalismo até os lançamentos mais recentes da música popular brasileira.
O dia a dia da rádio é tocado por uma equipe de jornalistas que se dividem entre a produção dos programas e a escolha das músicas que vão ao ar. José Carlos Marques, professor da FAAC, chegou à rádio como comentarista esportivo em 2010 e, em 2017, assumiu a direção. Para ele, um dos maiores desafios é fazer com que a rádio seja mais conhecida pelos estudantes da Unesp e que ela tenha uma conexão mais forte com os projetos e pesquisas da universidade.
A Unesp FM tem dois estúdios modernos — um para programas ao vivo e outro para gravações — e se destaca pela qualidade do jornalismo local, sempre cobrindo os principais fatos de Bauru. Além disso, a rádio tem parcerias com pesquisadores da Unesp, dando visibilidade às pesquisas e eventos acadêmicos. Com potência de transmissão de 3.000 watts e antena de 41 metros, a emissora atinge um raio de 100 km, atendendo a cidade de Bauru e região.
No lado musical, a rádio tem um acervo impressionante, com mais de 27 mil discos e CDs, e mais de 55 mil músicas digitalizadas. João Flávio Lima, que trabalha lá há mais de 20 anos, é responsável por organizar o acervo e definir a programação musical. A MPB é o carro-chefe da emissora, dominando as manhãs com o programa “Manhã Popular Brasileira”, que vai dos clássicos dos anos 1950 até as novidades da atualidade.
A rádio também mantém um pequeno museu com equipamentos antigos e vinis dos anos 90, celebrando a história da emissora e suas raízes.
Com mais de três décadas de história, a Rádio Unesp FM é uma ótima opção para quem quer ficar por dentro das novidades de Bauru e descobrir novos artistas. Dá para acompanhar a programação pela FM 105,7 ou online.